Copyright © Uma longa história...
Design by Dzignine
segunda-feira, 28 de março de 2011

Desabafo

Faz uns três ou quatro anos que minha vida ficou de cabeça pra baixo. Tudo isso começou quando minha irmã começou a namorar um cara que minha mãe odiou à primeira vista. E vocês sabem como é mãe... tem aquela intuição típica delas e não há nada que tire esse ponto de vista da cabeça. E a minha, é mais cabeça dura do que todas juntas! Minha irmã gastava todo tempo e energia dela tentando convencê-la de que seu namorado não era tão ruim quanto parecia... que ele só precisava de mais uma chance. E minha mãe, em contrapartida, tentava mostrar que sua filha merecia algo muito melhor. Em síntese, todo dia tinha briga. Havia horas que me sentia em "casos de família" mas sem uma psicóloga para amenizar a situação.
Por muitas noites tentei dormir profundamente, pra mais um dia longo de estudos, mas meu sono era interrompido por soluços vindo a alguns centímetros do outro lado do quarto. Era minha irmã travando uma batalha contra ela mesma. E sem esperanças, demonstrava isso com lágrimas. Sempre em cima do muro. Sem saber a quem agradar, sem saber que decisão tomar.
E eu, no meio disso tudo, me tornava cada mais fria, vendo o que o amor podia causar. Já não sabia muita coisa sobre o assunto e o que eu presenciava era o suficiente pra não querer amar ninguém. 
Não queria aquilo pra minha vida. Mesmo, já sendo vítima de toda aquela situação, que me engolia completamente. 
Hoje, vivo mais tranquila. A constância de gritos e lágrimas diminuíram, mas ainda não somos uma família. Isso aqui ainda não é um lar, não é um refúgio. Vivemos sob a indiferença, cada um em um cômodo. Como um isolamento.
Eu aprendi muita coisa durante esses anos. Possuo uma força interna tão grande e ao mesmo tempo vivo despedaçada. 
Assumo meu fracasso como filha, ao tratar aparentemente tudo isso com descaso. Eu ligo, e muito! Mas parece que ter auto-piedade toma meu tempo... tempo que poderia estar fazendo algo pra mudar. Mas não estou.


Texto por: Daniela P.
Foto: Vinicius Bomtempo.
domingo, 20 de março de 2011

Um outro eu em mim

 Depois de tantos meses, já não sei mais se consigo escrever sobre você. Porém algo no teu jeito nunca sairá da minha mente. Até porque, em você, eu descobri mais um "eu". Em meio a tanta divergência de opinião - que descobrimos ao iniciar tantas discussões sobre assuntos relativamente polêmicos - eu encontrei alguém que não diferia tanto assim de mim. Um alguém quente e frio. Bobo e sério. Amigo e inimigo. Um alguém de extremos. Entre nós, ou era muito amor, ou era muito ódio. Algo no meio termo, abria espaços para uma série infinita de formas de "como me tirar do sério", que diga-se de passagem, eram todas bem sucedidas! Talvez era apenas uma forma de quebrar o gelo... mas isso nunca me fez sair de perto de você, nunca faria. Era interessante te observar... dessa forma, aprendi a me entender mais. Aprendi que há dias em que prefiro ficar sozinha, em silêncio. Aprendi que as vezes minha maneira arrogante de ser, era uma forma de ficar na defensiva, bloqueando qualquer aproximação que me fizesse sentir vulnerável. Até porque eu era forte por fora e não queria trazer minha fragilidade interna à superfície. Aprendi, vendo você, que as vezes sinto o dever de provar pra todo mundo que eu não era um alguém de preconceitos ou que tinha uma opinião irrefutável sobre tudo. Que eu apenas fazia minhas verdades, mas não as generalizava. Aprendi que poderia ter uma imagem impassível e acomodada, mas por dentro eu escondia um turbilhão de carinho, que só precisava de um sinal pra ser liberado, sem receio. Aprendi que não saber demonstrar, não significa não sentir. Eu poderia conter em mim mais sentimentos que qualquer outro e que a minha forma de mostrar isso, dependia da compreensão dos outros. Enxerguei em mim mesma, um lado mergulhado em esperança, que nunca desistiria de nada e que lutaria por tudo. Mesmo numa batalha encontrando rivais mais fortes, nós somos mais rápidos e corajosos e no final, estaríamos na frente.
Aprendi que te admirar era fácil. Por isso o faço até hoje. 

abrindo um espaço no blog, para uma homenagem!
Finalmente, dedicado à VOCÊ!


Texto por: Daniela P.
quinta-feira, 17 de março de 2011

AMIGO

...o que essa palavra te faz lembrar? 
Particularmente, essa palavra me lembra a qualidade mais admirável que o ser humano possui: a vontade aguda de querer que tudo dure pra sempre. Mesmo isto sendo impossível, o desejo e a esperança ultrapassam os limites de qualquer obviedade.
E sentir?
Bom, prefiro que a nostalgia fale por mim. 
Aqueles momentos marcantes que todos já quiseram reviver.
Lembro desse passado que insiste em se manter no presente e de todos que fizeram parte de alguma forma, desse pretérito. Seja de uma forma passageira, seja de uma forma constante. Mas que sempre deixaram marcas, lições, saudade...

"E ser amigo, significa dar a uma pessoa aquilo que ela precisa, mesmo sem pedir ou querer. Também significa não desistir, quando se diz 'não, obrigada'."

Texto por: Daniela P.
Foto: Daniela P., Faelo R.Suellen de P.Anderson M. e  Franciele P.
terça-feira, 15 de março de 2011

Dezoito anos

Pra quem só via esses números como um sinal de maioridade, pra mim era significado de liberdade! Não aquela liberdade de poder sair sem pedir aos pais e voltar pra casa a hora que bem entender; a liberdade que tinha em mente era a de expressão; de poder expor meu ponto de vista e tê-lo como uma opinião madura o suficiente pra ser levado a sério. Mas antes disso, creio eu, que teria que aprender a me ver como uma adulta e por isso, esperava ansiosamente pelos tão sonhados dezoito! O dia chegou e ainda possuo meus medos de criança e minhas paixões adolescentes. Não me sinto especial, não me sinto diferente. Não sinto o dia como o melhor do ano, como sempre esperei que fosse. Nada saiu como imaginei e tudo continuou simples e normal. O mais próximo de adulto que me sinto, é causado pela fadiga. Me sinto como uma velha, cansada de estar cansada; esperando tudo mudar e reclamando por não acontecer; exemplificando situações, expondo experiências mal vividas e contando histórias do que queria ser e não consegui. Almejando alcançar objetivos altos demais, sem querer tirar os pés do chão. 
Quem sabe quando a responsabilidade bater a porta, eu finalmente me sinta um ser maior... me sinta importante. Um primeiro emprego, mais tarefas domésticas a fazer e até um primeiro namorado, são opções. 
Agora, estou preparada pra me desacorrentar de tudo que me prendeu até hoje.


Texto por:  Daniela P.
sexta-feira, 11 de março de 2011

História de um carnaval

Era um domingo a tarde, quando você me encontrou. Não pedi para ser achada. Na verdade, naquele momento preferi te evitar, fingir indiferença e talvez até uma embriaguez. Nada foi válido, quando pequenas atitudes te fizeram enxergar o melhor em mim. E eu, cética sobre mim mesma, desacreditava de todos os seus pontos de vista e achava tudo um exagero total. Sua delicadeza e convicção no que dizia, logo me fez crer que houvesse alguma verdade em meio a tantas palavras, mesmo que muitas delas não tenham recebido a devida atenção. 
Era um domingo a noite e nos reencontramos. Minha mente dizia que não, mas meu coração implorava por um sim. Encontrei aquele que poderia me mostrar o valor que sempre quis receber. Encontrei aquele que poderia me fazer enxergar cada qualidade minha além do que sei que tenho e isso não seria um exagero. Um amor instantâneo, um alguém diferente de tudo aquilo que me cercava. Uma repetição de como nós combinávamos e de como nossos pensamentos eram compatíveis era a questão comentada. Seria tudo aquilo real? Ou apenas o mesmo sonho de todas as noites de me sentir completa, era realmente tão constante, que passou a ser confundido com a realidade?
Era uma manhã de quarta e lá estava você novamente. Mas já não havia os mesmo elogios, os mesmos sorrisos, os mesmos abraços, a mesma efusividade...
Tudo se perdeu no meio da multidão. Os papéis foram invertidos. Agora, quem se mostrava distante era você e tudo que havia sido dito anteriormente, perdeu o sentido. Seria tudo aquilo real? Ou apenas uma tentativa bem sucedida de me causar uma esperança irrealizável?
Nessas horas passa-se pela minha cabeça que os dias da semana tiveram um significado muito intenso pra você. Pra mim, são apenas dias. Domingo e quarta não diferem. Minha paixão é de segunda a segunda. É triste saber, que não parecemos tanto quando pensávamos...



"E tudo bem, se você teve que ir embora. Só se lembre que o telefone, funcionam nos dois sentidos. Mas se eu nunca nunca nunca ouví-los tocar, vou pensar que os sinos dentro do telefone tenham finalmente encontrado um outro alguém, e tudo bem! Porque eu lembrarei tudo o que você disse."
Trecho da música You and I both - Jason Mraz


Texto por: Daniela P.
Foto: Pedro H. Saldanha.