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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Greve

Antes de mais nada quero que saibam que tudo que digo se dá por pura observação e informações dadas por professores. Nada sei profundamente sobre o assunto. Entretanto depois de muitas semanas senti vontade de voltar a escrever, e dessa vez, para relatar alguns episódios sobre a greve dos professores das universidades federais, assunto que me incomoda profundamente.



Neste ano eu ingressei na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e sinceramente eu fiquei extasiada devido a porta que me foi aberta. Depois de um período imerso na decepção e dinheiro jogado fora em uma faculdade particular, finalmente realizei o sonho de estudar na federal em um curso que de fato me completava. Eu estudo no campus da Praia Vermelha, na Urca, que possui bons prédios. Um parece recém construído ou reformado, os outros parecem ser bem antigos, mas nada caindo aos pedaços. Existem alguns problemas como a falta de um bandejão, a falta de uma cantina decente que atenda a demanda (até o próprio bairro é carente restaurantes e padarias boas e acessíveis), há problemas também com o atendimento das xerox que são superlotadas, os banheiros que são bem precários, a falta de ventiladores bons e ar-condicionados que funcionem nos meses de extremo calor, enfim. Todos esses problemas são contornáveis e de fácil solução. Tanto é que nesse período de greve muitos bebedouros foram trocados, salas foram pintadas, fachadas foram parcialmente consertadas e as salas de aula continuaram adequadas para estudo. Surgiram "conversas de corredor" que isso foi graças a um professor que comunicou ao responsável da manutenção do prédio os problemas existentes e eles foram solucionados. Não sei dizer se é verdade. Mas o fato é que houve melhorias. Alguns mestres disseram que tanto a UNIRIO quanto a UFRJ na última década sofreram reformas e progrediram bastante. O problema é que os funcionários não querem enxergar isso, pois decerto é bem mais fácil apontar os defeitos do que aplaudir as mudanças.
Finalmente, outro professor comentou sobre os salários. Ele ganhava de seis a oito mil ministrando aulas. Disse ter a melhor profissão que poderia ter: trabalhava dez meses por ano, dando aula quatro vezes por semana, viajando o mundo participando de congressos e durante essas viagens deixava uma espécie de assistente repondo as aulas no seu lugar. E muitos professores fazem isso: chegam atrasados, faltam e depois querem suprir aulas aos sábados ou mandam um substituto que não sabe exatamente sobre o conteúdo.
Ora, se um indivíduo se sujeita a fazer um concurso sabendo quanto vai ganhar, qual é a lógica de fazer uma manifestação discordando do salário ganho? Realmente eu não entendo. Desconheço a maioria das reivindicações e sinceramente acho até interessante as pessoas lutarem pelos seus direitos. Mas começo a achar injusto quando se começa uma luta em detrimento de outras.
Durante esses três míseros meses de aula que tive a oportunidade de assistir, pude conhecer a real face daqueles que se dizem responsáveis pela construção de cidadãos. Professores e alunos autoritários invadiram as salas impedindo àqueles que optaram não aderir a greve, a dar suas aulas. Chegavam com discursos violentos de que era imoral um professor não querer se juntar a maioria. Todos nós temos o direito de ser contra ou a favor a alguma coisa, mas tiraram isso de nós. A falta da adesão unânime foi oportuno para que utilizassem a repressão contra aqueles que só queriam finalizar o semestre. A falta de consideração e respeito àqueles que enxergam a greve como uma ferramenta inútil para exigir melhorias, foi o acontecimento realmente imoral dentro da instituição.
Muitos alunos que precisavam se formar para tomar posse de um cargo público, foram prejudicados. Muitos que não desejavam perder mais um ano, perderão. E os que se dizem  defensores de uma educação superior de qualidade, equidade e acessível para todos, atropelaram sonhos e impediram muitos alunos e professores que eram a favor de continuar tendo e dando aulas, por puro despotismo e opressão.

"Se o futuro do país depende da educação, o futuro da educação depende de quê?

4 comentários:

  1. Sei extamente como vc se sente. Entrei agora em farmacia na UFRJ no segundo semestre e não estou conseguindo fazer a confirmação da matrícula pois todos na UFRJ estão em greve. Esta greve está tomando rumos inacreditáveis e desrespeitosos. Estou me sentindo muuuito prejudicada. Minha matrícula só poderá ser realizada a partir do dia 10 de agosto, justamente o dia em que já se inicia o período letivo. ME sinto mal e com esta situação.

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  2. Pois é, muitos amigos meus estão na mesma situação que a sua. Agora a UNIRIO decretou a anulação da matrícula nesse período 2012.1 e todos vão ter que refazer as matérias desse semestre. Aposto que foi de má fé pra prejudicar os professores que deram seguimento as aulas.
    No começo eu achava tudo muito justo. Agora vejo mais malefícios que benefícios. E o pior é que nós não podemos fazer nada a respeito.

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  3. Florzinha , essa é a resposta que eu dei a um pesquisador que hoje, na folha de são paulo , estava "do lado oposto teu" :

    'Então avaliando os dois textos acima, estou mais alinhado com o ponto de vista do primeiro articulista, o professor da GV Administração-SP, o Dr Fernando Zilveti. Por morar em Brasilia _ perto do MEC e de um dos Campi dos “jovens” Instituto Federais de Educação, Ciência e Tecnologia_ e acompanhar de perto essa situação _tanto como um exercicio de cidadania como também em uma iniciativa, mesmo que utópica, de incrementar a educação brasileira_ me coloco numa situação de criticar, sem destemperos,essa eterna contradição que permeia a gestão pública de nossa educação.

    Então vamos à algumas obervações :

    Nosso país realmente não tem um bom percentual de sua população economicamente ativa de profissionais qualificados com cursos profissionalizantes.
    Países como Austrália, Canada, Nova Zelândia (todos eles com altos índices de desenvolvimento humano , estando entre os 10 melhores do mundo nesse quesito) ACEITAM as unidades curriculares cumpridas em cursos SECUNDÁRIOS SECUNDÁRIOS DE NÍVEL PROFISSIONALIZANTES (que, na Austrália, por exemplo, são denominados de EDUCAÇÃO VOCACIONAL , ao enfatizar que seu sistema educacional deve sempre levar em conta O POTENCIAL DO ALUNO, e não apenas as EXIGÊNICAS MERCADOLÓGICAS _como citou o Dr. Ricardo Antos ao se referir a instituições privadas de ensino ao dizer que estas ”gostariam de privatizar as federais, convertendo-as ou em universidades profissionalizantes” ). Instituições como a RMIT University of Melbourne, por exemplo,aceitam esse “aproveitamento de créditos” do ensino profissionalizante(e isso , Dr. Silveira, não torna esta instituição um “EXEMPLO DE DESCASO COM A PESQUISA” ja que ela está posicionada em 385° no Ranking Webometrics , acima da Universidade Federal Fluminense, Unifesp , UFPE, UFU e outros centros de “EXCELENCIA” educacionais e de pesquisas no Brasil financiados com O MEU ( e de quase 190 milhões de brasileiros) DINHEIRO PÚBLICO.Com isso a indignação com seus argumentos pífios.
    Sobre a questão PRIVATIZAÇÃO do ensino publico_essa discussão que , de tão velha, ja CHEIRA MAL_ lembro que os Estados Unidos tem um dos ensino Superiores mais caros do mundo e apresenta 10 das 10 primeiras instituições acadêmicas no que concerne aos critérios de analise da Webométricos.Mas, mesmo países que não estão tão avançados nesse critério_como a Alemanha e Protugal,por exemplo_ estão acima do Brasil em termos gertais nessa avalizações, porém conseguem cobrar “pouco” , inclusive de alunos estrangeiro_a Faculdade de Motricidade Humana , ligada a Universidade Técnica de Lisboa, seus cursos, para estrangeiros, não custam mais do que 180 reais mensais(todavia eles contam com muitas bolsas de estudos a serem oferecidas aos seus alunos nascidos em Portugal).E sobre a Alemanha, além deste país ter 50 instituções publicas que oferecem nivel superior e profissionalizante em dança (no Brasil, temos apenas 18_logo nós brasileiros que “requebramos tanto a cintura”, na visão dos mesmo europeus) e cobram_DOS ESTRANGEIROS fora da União Européia_ algo em torno de 120 reais por mês.Sim, o governo dessas nações SUBVENCIONA o ensino por lá, mas não os torna 100% gratuito, a não ser que o aluno prove que não tenha condições de bancar os custos da formação(que, além do mais, são mais curtas que as oferecidas no Brasil)(...)

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  4. São tantas as contradições nesse seu argumento Dr . Antunes ,que dissertar sobre elas daria não apenas uma tese de doutorado, mas sim um ensaio epopeico sobre o quão desperdiçado está o potencial construtivo da Nação Brasileira_conforme falei, tanto social como economicamente .Mas paro por aqui.Aguardo ansioso para ver que os “colegas” , didatas acadêmicos, tenham seu aumento aprovado pelo Ministro _que também, outrora, fora professor da Unicamp , como o senhor o é_ Aluísio Mercadante e que, quem sabe, possam gastar seu tempo (não tão livre, depois da greve) em , aí sim, REAVALIAR AS CONDIÇÕES GLOBAIS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA, comparando-a não consigo própria, nem com o que ela já atingiu, mas sim com outros padrões mais engradecedores para a sociedade brasileira.

    Greve sim, mas nunca de AUTO-AVALIAÇÃO !

    Boa sorte com suas conquistas salariais.Mas fiquem de olho, pois tem muita gente vigiando vocês.

    Att. Vinícus Henrique_ performer, clown, educador somático e terapeuta holístico."
    O texto dele e de outro pesquisador estão aqui :http://briguilim2000.wordpress.com/2012/08/06/mec_comunicacao-para-onde-esta-indo-o-ensino-brasileiro/ Esse problema não pode ser visto apenas do ponto de vista do aumento salarial ! Há mais problemas a serem observados na educação brasileira que merecem atenção de todos, inclusive dos alunos.Grato pela atenção.

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