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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Dividindo experiências

Hoje vou tirar o dia pra falar do meu trabalho.
Comecei faz umas três semanas e nunca achei que isso mudaria minha visão acerca do comportamento humano, digamos assim. Achei que só mudaria minha rotina e pronto. Mas o que eu venho aprendendo e me tornando diariamente, não há salário que pague.
Pois bem, trabalho como negociadora numa empresa de recuperação de crédito de grande porte. Sou intermediária entre bancos e clientes. Minha função é ligar para as pessoas que têm dívida com o banco, informar o valor atualizado do débito e conceder um bom desconto para que o mesmo possa quitá-lo.
Não é o emprego dos sonhos, muito pelo contrário; envolve muito estresse, dores abdominais, pressão, e até o velho e perseguidor de almas cansadas: o tédio.
Mas, mesmo assim, eu amo meu emprego, porque eu ajudo as pessoas. E isso faz com que eu me sinta importante.
Uma das posturas fundamentais que preciso ter pra exercer essa função é ser sempre e acima de tudo, educada com as pessoas. Caso contrário, minha atitude pode render uma boa ação judicial contra a empresa que eu trabalho.... e eu não quero isso.
Então, tirei meu autodomínio do armário e incorporei no meu dia-a-dia.
Já perdi as contas de quantas vezes fui insultada. De quantas vezes não fui ouvida ou de quantas vezes tive que repetir a mesma coisa pra fazer a pessoa do outro lado da linha entender que faz parte do meu trabalho ter de telefonar às 8hs da manhã. Eu não tenho culpa. São as regras. E a pior parte nisso tudo é que eu não posso perder o controle.
Já perdi as contas também de quantas vezes vi colegas de trabalho no auge da irritação. Ouvi palavrões que não se ouve nem em partidas de futebol ou no trânsito.
Na última sexta-feira, numa das primeiras ligações do meu dia, uma senhora, muito educada por sinal me disse o seguinte: "Já te disseram que você é um anjo? Você não tem ideia de quantas pessoas já me ligaram e foram extremamente grossas, ameaçaram confiscar algum bem meu e você foi compreensiva desde o começo. Obrigada."
Naquele dia eu poderia não fazer nenhuma negociação. O que aquela senhora disse já fez com que eu ganhasse meu dia. Ser educada rendeu um ótimo elogio que me fez sentir realmente satisfeita com o meu trabalho. Eu tirei a preocupação dos ombros de alguém que não anda tendo sorte nos negócios. O que ela menos precisava era de alguém cobrando algo que ela não tinha condições naquele momento de dar.
As pessoas exigem muito. Mentem. Ameaçam. E no contexto do trabalho, só pra conseguir uma migalha de comissão no final do mês.
E muitos não conseguem pela falta de paciência, de sensibilidade, de tato.
Não importa se te tratam mal. Fazer o mesmo só te torna imprudente diante de valores profissionais e pessoais também. 
Minha tática de tratar a todos bem, me deu bons frutos. Sem exigências, sem esperar algo em troca. As pessoas simplesmente andam se desculpando quando se exaltam ou ficam mais calmas gradualmente, de acordo com o desenrolar da conversa.
Ando de bem comigo mesma, sorrio mais, compreendo mais a dificuldade alheia, seja quais forem. Me sinto realizada. 
Descobri que sendo afável com as pessoas, eu faço bem a mim mesma.

Texto por: Daniela P.

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